Por: Rita Novaes, em 13 novembro 2009
As pequenas câmeras compactas de que hoje em dia nos servimos - ou até mesmo os telefones celulares com câmera incorporada - estão bem distantes dos primeiros aparelhos fotográficos surgidos em meados do século XIX com o advento da fotografia: enormes e pesados mas, sobretudo, engenhosos, belos e fascinantes.
Construir um aparelho fotográfico já foi uma actividade artesanal que requeria grande paixão e entusiasmo. Mas hoje em dia, habituados a ver as pequenas câmeras compactas produzidas em larga escala, olhamos com um sorriso condescendente para as primeiras tentativas de construir a caixa mágica que capturava as imagens numa chapa de vidro. No início do século XIX, quando a fotografia dava os seus primeiros passos, vários construtores se lançaram nesta árdua tarefa. Com muitas dificuldades, muito engenho e também alguma ingenuidade, produziram máquinas absolutamente fascinantes que, longe de nos fazer sorrir, deviam, pelo contrário, suscitar a nossa admiração.
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Os primeiros modelos, antepassados dos modernos aparelhos, eram grandes e pesadas caixas de madeira polida com aplicações em metal. Representavam a essência da técnica fotográfica: uma abertura com uma lente que dirigia a luz para o fundo da câmara escura onde se encontrava uma chapa de vidro com a emulsão. As primeiras emulsões, daguerreótipos, calótipos ou colódio húmido, eram ainda pouco sensíveis à luz. Somente no início da década de 70' começaram a aparecer as primeiras chapas utilizando gelatina. Foi também por esta altura que aumentou a sensibilidade das emulsões e, consequentemente, a sua rapidez.
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Estas chapas possuíam grandes formatos e alojavam-se dentro das caixas através de uma ranhura com encaixe. "Rebobinar" era então uma operação demorada e delicada, e até cansativa, devido ao peso do material. Para transportar a câmera, o conjunto dos acessórios e o número de chapas suficiente para fotografar era frequentemente necessária uma carroça puxada por um animal (não esqueçamos que nesta altura o automóvel ainda não tinha sido inventado).
Mas os imaginativos fabricantes da época tinham noção da pouca funcionalidade destes pesados equipamentos e não descansaram enquanto não encontraram soluções mais práticas e ligeiras. Surgiram então câmeras portáteis com outros suportes de captação de imagem (discos, filmes em rolo, etc.) e de tamanho mais reduzido.
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Também a madeira foi sendo progressivamente substituída pelo metal, ganhando-se leveza e robustez. É possível vermos até em alguns destes modelos fortes semelhanças com as compactas actuais. Existem esforços de miniaturização verdadeiramente comoventes, como as câmeras com forma de um relógio ou de um revólver.
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