'Dança cósmica': Como será colisão entre Via Láctea e galáxia de Andrômeda

Por: Tilt / UOL
03/09/2025 - 09:55:36

Se você observar o céu noturno em certas regiões do planeta, especialmente no hemisfério Norte, poderá notar um ponto brilhante e difuso, em forma de espiral, um pouco abaixo da faixa leitosa da Via Láctea. Trata-se de Andrômeda, nossa galáxia vizinha, localizada a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de distância.

Mas esse "abismo" espacial tem prazo para acabar: segundo uma pesquisa liderada pela Universidade de Queensland, na Austrália, Via Láctea e Andrômeda estão em rota de colisão — um evento previsto para daqui a 2,5 bilhões de anos.

O fenômeno não será uma batida violenta, mas sim algo mais próximo de uma "dança cósmica". Como explica a astrofísica Sarah Sweet, ambas as galáxias se atraem devido à sua enorme massa: Andrômeda abriga cerca de 1 trilhão de estrelas, enquanto a Via Láctea contém aproximadamente 200 bilhões. Ao se aproximarem, elas arrastarão também galáxias anãs que orbitam ao seu redor, compondo um espetáculo gravitacional de escala inimaginável.

A aproximação foi confirmada em 2012 por astrônomos da Nasa, usando dados do telescópio espacial Hubble, que mediram Andrômeda avançando em nossa direção a mais de 400 mil km/h.

Estudando galáxias que já 'dançam'

Para prever como será esse encontro, os cientistas recorrem a um "laboratório natural": um par de galáxias espirais chamado NGC 5713 e NGC 5719, localizadas a centenas de milhões de anos-luz da Terra e cerca de 3 bilhões de anos à frente de nós no processo de fusão.

Esses dois sistemas, segundo Sweet, interagem como dançarinos, girando e distorcendo suas formas, enquanto são acompanhados por satélites anões que orbitam em planos bem definidos. Essa configuração sugere que a futura fusão da Via Láctea com Andrômeda poderá gerar um arranjo semelhante.

O estudo, parte do projeto colaborativo Delegate, busca entender se o destino da nossa galáxia é algo comum ou raro no universo, o que é fundamental para compreender sua evolução em um contexto mais amplo.

Os resultados também expõem um desafio: mesmo os modelos computacionais mais sofisticados têm dificuldade em reproduzir a forma como galáxias anãs se alinham em torno de suas hospedeiras, indicando que ajustes nas simulações serão necessários para refletir melhor a realidade.

O começo já pode ter começado

Em 2020, um estudo publicado na revista Science revelou que o processo de fusão pode já estar em andamento. Isso porque os halos (imensas atmosferas gasosas que cercam as galáxias e podem gerar novas estrelas) de Andrômeda e da Via Láctea estariam se tocando.

O halo de Andrômeda mede cerca de 1 milhão de anos-luz de diâmetro, e, embora a profundidade do halo da nossa galáxia seja difícil de medir devido à nossa posição interna, acredita-se que ambos sejam semelhantes. Esse contato de halos seria a "primeira dança" antes do encontro principal.

Quando a fusão avançar, a expectativa é que surja uma galáxia elíptica gigante, na qual estrelas e sistemas planetários se misturem. Apesar do nome "colisão", as estrelas não vão se chocar diretamente — afinal, o espaço entre elas é imenso. O evento será mais como duas nuvens de mosquitos se encontrando, sem que os insetos realmente se toquem.

Ainda assim, há chances de que o Sistema Solar mude de endereço cósmico: ele pode ser arremessado para uma região mais isolada da Via Láctea ou incorporado ao território de Andrômeda. Em qualquer cenário, nosso destino a longo prazo está traçado: dentro de cerca de 5 bilhões de anos, o Sol se transformará em uma gigante vermelha, engolindo a Terra.

*Com informações de reportagem publicada em 12/02/2023.

 

PUBLICIDADE

Últimas Notícias



PUBLICIDADE

Copyright © 2003 / 2025 - Todos os direitos reservados
NossaCara.com é propriedade da empresa Nossa Cara Ponto Comunicações e Serviços Ltda.
CNPJ: 07.260.541/0001-06 - Fone: (73) 98866-5262 WhatsApp